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gays ou não, vieram!

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Faz um tempo que tô “devendo” essa entrevista para nosso camarada Riva, que até cansou de me “cobrar”.

Dando sequência à série “vale à pena ler de novo”, voltaremos a setembro de 2007, quando conversamos com o baixista Todd Kowalski, da banda canadense Propagandhi.

Na ocasião ele estava bem empolgado vindo para uma série de shows por aqui e o resultado foi uma conversa bem agradável!

Entrevista: Todd Kowalski (Propagandhi)
por Ricardo Tibiu
Tradução: Marina Melchers
Fotos de: Mauricio Santana
Setembro/2007

Gays ou não aí vêm eles!
Envolvidos com hardcore desde meados dos anos 80, os canadenses do Propagandhi estão de malas prontas para sua primeira passagem pela América do Sul. Eles passarão por Costa Rica (26/09), Panamá (27), Peru (29), Chile (30) e Argentina (02/10). Aí enfim, desembarcam no Brasil, começando no dia 04 de outubro em São José dos Campos (SP), Santos (05), o Hangar 110 na capital paulista (06) e encerrando em Curitiba (07). O grupo, que diz tocar “thrash progressivo” opta por letras com teor político e opiniões fortes. Uma das bandeiras levantadas é a contra a homofobia, tanto que se denominam uma “Gay Positive band”, o que gera polêmicas – principalmente por deixar no ar a opção sexual de seus integrantes. Antes virem para cá conversamos com o baixista Todd Kowalski, que falou sobre isso, além de suas expectativas, música brasileira e canadense, internet, Simpsons e Pelé. Confiram!

O que você conhece de música brasileira?
Bom, eu conheço algumas bandas, mas não muitas. Sepultura, é claro, Ratos De Porão, e a grande banda de death metal Krisiun. Fora isso eu conheço algumas músicas de alguns cantores. Eu espero que ir praí nos faça conhecer mais bandas.

Qual foi a coisa mais absurda que você ouviu sobre um país antes de tocar nele?
A coisa mais absurda que ouvi sobre um país antes de tocar nele foi que os EUA realmente jogaram uma bomba nuclear no Japão. Isso é bem absurdo.

Como você definiria o som da banda para uma pessoa que nunca o ouviu antes?
Eu chamaria de “thrash progressivo” (risos). Nós não nos levamos tão a sério assim. Geralmente é bem constrangedor tentar descrever a banda para outras pessoas no “mundo lá fora”, eu geralmente digo “ãhn, é bem rápido, meio metal/punk mas tentando não ser uma porcaria…”. Eu prefiro evitar esse tipo de conversa com as pessoas (risos).

O que nós podemos esperar dos shows do Propagandhi aqui no Brasil?
Você pode esperar que a gente bata cabeça, toque o melhor que pudermos e façamos o melhor show possível. Além disso eu absolutamente não sei o que esperar, já que nunca fomos praí. Esperamos que seja o máximo!

O Brasil é um país onde o machismo está inserido culturalmente nas pessoas desde crianças, e ele é passado de geração em geração. Vocês têm músicas anti-homofobia, o que para alguns torna o Propagandhi uma banda gay. Com a vinda de vocês para cá eu já ouvi pessoas do próprio meio hardcore fazerem piadinhas a respeito. O que vocês têm a falar sobre isso?
É, esse machismo está aqui no Canadá também, infelizmente. Eu estou cercado desse machismo todo dia, porque gosto de luta grego-romana e de jiu-jitsu, então sei exatamente do que você está falando. Eu tento ao máximo ir contra essas ideias. Todos nós sabemos que esse machismo vem de insegurança, de uma forma ou de outra. Eu realmente fico pensando porque todo mundo está tão interessado no que as outras pessoas fazem sexualmente. Eu fico feliz em deixar as pessoas imaginando se somos gays ou não, isso faz as algumas pessoas pensarem. Eu acho estranho que a “cena punk” não aceite e dê apoio às pessoas que estão sendo o que elas realmente são, e fazendo o que querem das duas vidas. Ser punk não é isso? O Propagandhi é, e sempre será uma “Gay Positive band”. Temos orgulho disso.

Muito se fala em aquecimento global atualmente, o que você acha que as pessoas devem fazer para realmente mudar algo nesse sentido?
Bem, tem muitas coisas que você pode fazer pessoalmente. Aqui em Winnipeg eu não uso ar-condicionado, ando de bicicleta, não tenho carro, tento comprar produtos orgânicos e locais, aqui de Manitoba, regularmente. Você pode doar dinheiro para os bons grupos ambientais, você pode ficar de olhos abertos e criticar ou protestar contra os grandes agressores ambientais, e acima de tudo, parar de comprar os produtos que eles vendem. Na verdade, quanto mais você conseguir parar de comprar porcarias inúteis, melhor será pra todos nós. Existem milhares de maneiras de ajudar.

E o que vocês acham de eventos como o Live Earth, onde bandas como AFI e Fall Out Boy participaram?
Eu não sei muito sobre isso. Eu suponho que seja necessário esse tipo de coisa acontecer nesse mundo pra fazer as pessoas do mainstream se envolverem. É claro que todos nós sabemos que a maioria dessas bandas não dá a mínima pro meio ambiente e estão usando o show para impulsionar a carreira. A metade desses artistas faria qualquer coisa para tocar nesses shows, independente da causa. Eu não sei muito sobre essas bandas que você mencionou, então não estou falando deles especificamente.

Como anda o cenário hardcore no Canadá e a música canadense em geral?
Olha, eu realmente amo algumas bandas que vieram do Canadá, talvez porque eu fui exposto e vi essas bandas tocando quando eu era criança, e tinha todos os discos deles. Algumas das minhas favoritas são Sacrifice [Nota do Editor: cujos discos foram relançados no Brasil pela Marquee Records], Nomeansno, os incríveis SNFU, Voivod, é claro! Beyond Possession, Guilt Parade, RAZOR, Putrescence, Death Sentence, e também gosto muito de um cantor canadense que não tem muito a ver com música pesada chamado Garnet Rogers, o cara é um gênio! Acho que algumas bandas mais de rock, como Rush, Helix, Kick Axe e outras são boas também… ah, e Brutalizer, a banda do meu amigo Kenton!

Por falar nisso, diga a primeira coisa que vem à cabeça à respeito destes conterrâneos:
Neil Young:
Homem de voz irritante de Winnipeg, nossa cidade natal.
Danko Jones: Exagerando ao tentar ser cool.
Comeback Kid: Conterrâneos de Winnipeg!
Avril Lavigne: Pirralha de shopping tentando ser “adulta” agora.
Billy Talent: Vocais irritantes.
Reset: Nunca ouvi.
Simple Plan: Não faz meu tipo.
The Eternals: Nunca ouvi.
Grade: Meu amigo Kieth Riel ama eles e tem um moletom deles (risos).
Alanis Morissette: Cabelo comprido, músicas ruins.
Sum 41: Não são muito bons, mas pelo menos uma vez foram pro Congo pra tentar fazer algo.
The Weakerthans: Um copo de café de isopor comprado no Starbucks.

Aliás, como é a vida de músico independente no Canadá? Eu entrevistei uma banda de reggae da Holanda e eles disseram que lá qualquer tipo de artista recebe um subsídio mensal do governo para que possa se concentrar completamente em sua arte — o que no Brasil, mesmo tendo um Ministro da Cultura músico (Gilberto Gil) e que viveu os anos da ditadura, jamais sequer sonhamos ter.
Bom, nós certamente não temos o que a Holanda tem aqui. Isso ia ser fácil! O que temos aqui, e que é bom, é que bandas podem tentar conseguir uma espécie de bolsa, para recuperar um pouco do dinheiro que elas estão perdendo, coisa que tem se tornado cada vez mais necessária para as bandas agora com todo mundo fazendo download das coisas. Você também pode tentar conseguir um dinheiro se as College Radios tocam suas músicas. E também tem uma coisa aqui no Canadá onde a TV e outras mídias precisam dar espaço para uma determinada quantidade de conteúdo canadense, o que funciona bem para bandas que têm interesse nisso. Além disso os shows e os míseros lucros com discos são o que a banda tem. Na verdade tudo isso não chega a muito no fim das contas. Ser um músico é um trabalho de amor e não dinheiro em sua maior parte, o que está bom pra mim.

E como você vê a internet em relação ao mercado fonográfico, ela ajuda ou atrapalha? Pergunto isso porque aqui no Brasil esse setor está numa grande crise. As majors reclamam da pirataria e do download gratuito, mas de um tempo pra cá o cenário independente também teve uma considerável queda na venda de CDs.
Não brinca!? Eu suponho que a internet nos ajude a chegar em lugares como Brasil, Peru e outros, o que é muito bom. Eu acho que nossas vendas em CD na América do Sul devem ser sete cópias do nosso disco novo (risos). Então com certeza há donwloads e pirataria acontecendo. Seria bom se recebêssemos um pagamento pelo nosso esforço, mas não há nada que possamos fazer quanto a isso. Sim, a indústria da música está tomando uma surra, e isso é bom e ruim. Eu gosto de ver gente que eu odeio não podendo explorar suas bandas por toneladas de dinheiro, e eu fico triste de saber que nós não vamos poder explorar nossas músicas horrorosas por dinheiro (risos)… eu gosto de ver essas grandes companhias sofrendo, e eu não gosto de ver artistas e músicos passando por dificuldades e não sendo compensados por seu trabalho. Eu gosto de ver a música se espalhando por todo o mundo, onde todos podem ouvi-la. Eu não gosto que os arquivos de áudio não têm qualidade. Eu não gosto que pessoas não invistam nada nas bandas e nas músicas, eles estão roubando e tudo é reduzido a toques pro celular e outras besteiras. Nós certamente fomos atingidos financeiramente com os downloads, mas também estamos à caminho da América do Sul, então fica difícil reclamar (risos).

Vocês tocarão em Santos, cidade que deu nome ao imbatível time de futebol capitaneado por Pelé. Vocês têm alguma relação com esse esporte?
(risos) Pelé! Sim, eu ouço falar dele desde que eu era criança. Eu jogava futebol. Meu irmão jogou futebol profissionalmente aqui no Canadá, nós não somos realmente conhecidos pelos nossos times de futebol (risos). O esporte vai crescer aqui, agora tem mais crianças jogando e mais pessoas vindo da África etc… e os times estão ficando melhores. Quando eu era uma criança jogando futebol no Commodore 64 (um computador antigo) o Brasil era o time imbatível!! (risos).

Se você ficasse cara a cara com Osama Bin Laden, o que diria a ele?
Eu diria a ele que ele é um puta de um babaca.

E para George W. Bush?
Eu estaria ocupado demais socando a cara dele para falar.

Ah, claro, e Gandhi?
Eu diria “bom trabalho!” (risos)… eu não sei o que eu diria. Ele é legal na real.

Se os membros do Propagandhi fossem personagens do Simpsons, quem você seria?
Eu seria a Lisa, por mais estranho que pareça. Eu gosto de música, sou vegetariano. Espero que eu não seja tão sensível quanto ela (risos).

E para encerrar, a bandeira do Brasil tem a frase “Ordem e Progresso”, que obviamente não é o que acontece por aqui. Se você pudesse que frase colocaria na bandeira do Canadá?
Bem, para citar a velha música do Propagandhi eu suponho que diria “Esta não é sua casa E terra nativa, é sua casa EM terra nativa”. Essas palavras da primeira frase são, por acaso, tiradas do hino nacional canadense… “O Canada”. Muito obrigado pela entrevista!! Se cuide. Nos vemos no Brasil!

Links relacionados:
www.propagandhi.com
www.myspace.com/propagandhi


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